
Resenha: Lemniscata | Ilquer Amaro
Logo nas primeiras páginas de Lemniscata, fica evidente que não se trata de uma leitura comum. Ilquer Amaro propõe uma jornada que nos tira do lugar confortável da narrativa tradicional e nos insere em um espaço simbólico, onde reflexão, silêncio e autoconhecimento ganham protagonismo.
O título, que remete ao símbolo do infinito, é mais do que uma escolha estética: é uma chave de leitura.
A subjetividade como ponto de partida
A grande força de Lemniscata está na coragem do autor de escrever a partir da própria subjetividade, e ao fazer isso, tocar a do leitor.
Ilquer escreve como quem sussurra ao inconsciente, e cada capítulo funciona como uma nova espiral que nos conduz para mais fundo em nós mesmos.
Em vez de respostas, ele nos oferece perguntas, daquelas que reverberam: quem somos? Por que buscamos sentido? O que existe por trás do ruído externo?
Silêncio, sombra e a escuta interior
Um dos trechos mais impactantes do livro é quando o autor compara o inconsciente ao “ponto Nemo”, o lugar mais isolado do planeta, distante de tudo.
É essa imagem que guia a experiência proposta: silenciar o mundo para escutar o que existe dentro. Ilquer chama isso de “som do silêncio”, um conceito poético e espiritual que representa o momento em que conseguimos acessar o nosso eu mais verdadeiro, sem interferências.
E é nesse silêncio que somos convidados a abraçar o que evitamos: medos, dúvidas, solidão. Mas também é onde reconhecemos o que temos de mais essencial. Como o autor afirma, é preciso aceitar tanto a luz quanto a escuridão para se tornar inteiro.
O valor da dualidade e da impermanência
Ao explorar temas como luz e sombra, dia e noite, dor e amor, Ilquer nos lembra que a existência é feita de contrastes.
A frase “Quantas pessoas conseguem ver a beleza que há na luz do dia, assim como a beleza que há na escuridão da noite?” resume com perfeição esse pensamento. A leitura se transforma em um convite para acolher os dois lados do espelho, sem medo, sem culpa.
Uma obra que ecoa filosofia, poesia e espiritualidade
O estilo de escrita de Ilquer é marcado por uma mistura de lirismo e reflexão. Há momentos em que seus textos lembram confissões filosóficas, e outros em que parecem oráculos da alma.
É uma escrita que desconstrói para reconstruir, que instiga mais do que ensina, e que emociona por sua honestidade.
Lemniscata não se apega a gêneros. Pode ser lido como prosa poética, ensaio existencial, meditação literária. O importante é que, qualquer que seja o ponto de vista, a leitura atravessa. Ilquer consegue transformar o abstrato em algo sensível, acessível e tocante.
A busca como experiência permanente
Ao longo do livro, o autor nos conduz pela ideia de que viver é aceitar o fluxo constante do pensamento e da emoção. A lemniscata é mais do que um símbolo matemático, é a representação do que permanece em movimento.
A busca por sentido, por pertencimento, por silêncio, por entendimento é eterna. E talvez o mais importante: ela não precisa de respostas para continuar.
A subjetividade, como nos mostra o autor, é sagrada. E ao respeitá-la, aprendemos a respeitar a do outro. Assim, o encontro verdadeiro — aquele que cura, que conforta — começa primeiro no acolhimento de si mesmo.
Lemniscata é daqueles livros que se transformam em espelhos. Não para refletir aquilo que já sabemos, mas para nos mostrar o que ainda está em processo. Ele não nos oferece fórmulas, nem rotas prontas. Ao contrário: devolve o mistério e nos convida a abraçá-lo.
No fim, a maior beleza dessa leitura talvez seja essa: lembrar que a vida é feita de buscas, e que a gente não precisa encontrar tudo agora. Basta continuar procurando. Porque é no movimento entre um ponto e outro que reside o verdadeiro sentido de estar vivo.
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