
Os Contos de Obélia, do autor J. V. Melchiades, é uma fábula distópica sobre pureza, preconceito e redenção
Em Os Contos de Obélia, J. V. Melchiades nos conduz por uma narrativa distópica de grande força simbólica e relevância contemporânea.
Situada em uma cidade fictícia e carregada de dogmas, a trama escancara os perigos de uma sociedade moldada por ideais rígidos de perfeição, sangue puro e exclusão de tudo que foge ao “normal”.
O autor nos apresenta uma história intensa e provocativa sobre resistência, identidade e, principalmente, sobre a beleza do que é escolhido com amor: a adoção.
Uma sociedade que idolatra o sangue
Obélia é uma cidade onde as tradições são sagradas e onde tudo gira em torno da veneração à chamada “Família”, figuras idealizadas como entidades divinas.
O laço de sangue é visto como a única forma legítima de ligação entre as pessoas e, nesse cenário, a adoção se torna não só desvalorizada, mas condenada como um desvio imperdoável da moral.
Nesse universo opressivo, o surgimento de uma profecia, a do Sexto Filho das entidades, gera uma escalada de pânico e perseguição. A cidade mergulha em um ciclo de tirania, desinformação e limpeza social.
Os adotados, agora vistos como ameaças, passam a ser marginalizados, perseguidos e até caçados, em nome de uma “pureza” absolutamente deturpada.
Seis jovens, seis forças, um mesmo ideal
A trama se intensifica com a entrada de seis jovens que, de maneiras distintas, carregam em si os dons e as marcas das entidades originais: Esperança, Pureza, Mente, Tempo, Visão e Violência.
São personagens que refletem contradições, dilemas morais e traumas pessoais, ao mesmo tempo em que representam possibilidades de transformação.
Cada um traz consigo uma perspectiva do que significa existir em um mundo que os rejeita, enquanto suas habilidades os ligam diretamente ao poder simbólico que fundou aquela sociedade.
A união desses seis personagens se torna o motor da narrativa: através de suas jornadas individuais e coletivas, o leitor é conduzido por uma cidade em colapso moral, onde o luxo da elite contrasta brutalmente com a dor dos marginalizados.
A força do enredo está justamente na forma como o autor articula esses mundos, dos templos sagrados às prisões e guetos, revelando as complexidades sociais, espirituais e emocionais que sustentam (ou destroem) uma sociedade.
Fantasia com profundidade e crítica social
A grande conquista de Os Contos de Obélia é seu equilíbrio entre elementos fantásticos e reflexões densas sobre a realidade. A fantasia é usada como uma lente de aumento para discutir preconceitos enraizados, o culto à tradição e a maneira como o poder pode ser usado para justificar injustiças.
A adoção, tema central do livro, não é romantizada, mas exaltada como um ato de coragem, amor e quebra de paradigmas. Em um mundo que valoriza a hereditariedade como algo sagrado, amar e acolher alguém fora dos moldes biológicos se torna um gesto de rebeldia e redenção.
Além disso, o livro tem uma construção de mundo rica, personagens com profundidade emocional e uma narrativa fluida que mantém o leitor imerso. A escrita de J. V. Melchiades se destaca pela sensibilidade e pela coragem de abordar temas delicados com honestidade e lirismo.
Uma leitura necessária e transformadora
Os Contos de Obélia é mais do que uma fantasia bem escrita: é uma metáfora potente sobre pertencimento, intolerância e transformação.
É também um tributo à adoção e à força que existe em quem escolhe amar, apesar do medo e da opressão.
Recomendo fortemente para leitores que buscam histórias que desafiem, emocionem e inspirem. Em tempos sombrios, é fundamental lembrar: mesmo onde impera a escuridão, a esperança pode renascer, muitas vezes, onde menos se espera.
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