Resenha: A Jornada de Leônidas: O Começo do Fim – Livro 1 | Leonel Silveira Cervo

Imagine uma escola onde hierarquias não são apenas sociais, mas institucionais. Onde o status de nobre ou plebeu define não só o seu lugar nos corredores, mas também o que você pode ou não fazer. Essa é a premissa instigante de A Jornada de Leônidas: O Começo do Fim, primeiro volume da saga escrita por Leonel Silveira Cervo, que nos apresenta um universo escolar tão fascinante quanto perigoso, e que ecoa muitas verdades do nosso mundo real.

A história se passa em 2008, na fictícia Escola Romanorum, em Porto Alegre, e é narrada em primeira pessoa por Leônidas von Weiss Lecchini, nosso protagonista.

Quatro anos após ter sido expulso, ele retorna à instituição que marcou sua vida, não por saudade, mas por um propósito: descobrir a verdade sobre sua expulsão, fazer justiça e virar a escola do avesso.

E Leônidas não é qualquer aluno. Ele é inteligente, estratégico, e carrega uma fúria silenciosa que se revela aos poucos, de forma magnética.

Uma escola dividida entre “nações”

O ponto forte da obra está em sua ambientação original. A Escola Romanorum é praticamente um microcosmo político.

Os alunos são divididos em grupos que funcionam como nações, com nobres no topo da hierarquia, usufruindo de privilégios absurdos, e plebeus à margem do sistema, com pouco ou nenhum direito. A estrutura social da escola é complexa, injusta e brutal, e é exatamente isso que torna a narrativa tão envolvente.

Leônidas retorna não apenas como um ex-aluno rejeitado, mas como alguém que pretende desafiar toda essa ordem estabelecida. Só que essa missão, como logo percebemos, não será nada fácil.

Entre alianças frágeis, confrontos abertos e intrigas nos bastidores, o protagonista precisa aprender rapidamente quem são seus aliados, e quem deseja vê-lo cair novamente.

Narrativa envolvente e personagens marcantes

A escrita de Leonel Silveira Cervo é fluida e detalhada, conduzindo o leitor com facilidade por esse universo rico em simbologias e tensões. A narrativa em primeira pessoa nos coloca dentro da mente de Leônidas, e isso faz toda a diferença. Sentimos suas dores, suas dúvidas, sua raiva contida, e também sua determinação crescente.

Outro ponto que merece destaque são os personagens secundários. A história é repleta de figuras fortes e bem construídas, cada uma com sua própria trajetória, motivação e papel nesse tabuleiro de poder. É interessante como alguns, que parecem vilões ou aliados previsíveis no início, se revelam mais complexos ao longo da leitura.

Além disso, há um equilíbrio muito bem dosado entre ação, diálogos inteligentes e momentos de introspecção. O leitor se vê envolvido em brigas, conspirações e estratégias, enquanto também acompanha os dilemas morais de Leônidas.

Sua jornada é tanto externa quanto interna, e isso faz com que a leitura vá além de um simples acerto de contas é também sobre amadurecimento, sobre encontrar sentido na luta pela justiça, mesmo quando tudo parece estar contra.

Uma história sobre justiça e resistência

Apesar do ambiente escolar, A Jornada de Leônidas conversa com temas muito maiores: abuso de poder, desigualdade, resistência e coragem. Leônidas poderia se contentar com a vingança, mas a história mostra que sua busca vai além disso.

Ele quer mudar as regras do jogo, desestabilizar o sistema que oprime os fracos e favorece os poderosos. E, ao longo do caminho, ele entende que não está sozinho, há quem compartilhe dessa sede por justiça.

O Começo do Fim é, sem dúvida, um excelente início de saga. Consegue prender o leitor desde o primeiro capítulo com uma proposta diferente e ousada, personagens cativantes e uma escrita que equilibra muito bem entretenimento e crítica social.

Ao fechar a última página, a sensação é de urgência: o que virá a seguir? Porque uma coisa é certa: a jornada de Leônidas está apenas começando, e a promessa de um embate ainda maior se desenha no horizonte.

Para quem gosta de narrativas com peso emocional, tramas inteligentes e uma boa dose de revolução, este livro é leitura obrigatória.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Mestrando em Comunicação pelo PPGCOM da UFPE. Amante da cultura pop, apaixonado por livros e adora escrever sobre temas diversos. Além disso, é um entusiasta de música, filmes e séries, sempre buscando explorar e compartilhar suas impressões sobre o mundo do entretenimento.

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