Em “Anete e a Joaninha Ivete”, a autora Maria Regina Bach convida crianças e adultos a mergulharem em uma história doce, sensível e cheia de significados sobre o cuidado com a natureza e o poder da observação.

Voltado para o público infantil, o livro encanta desde as primeiras páginas com uma narrativa simples, porém carregada de afeto, ensinamento e beleza poética.

Uma protagonista encantadora

Anete, a personagem central da história, é uma figura cativante. Alegre, amorosa e conhecida em toda a cidade pelos seus sorvetes deliciosos, ela conquista os leitores não apenas por suas receitas, mas pelo jeito como vê o mundo.

Anete tem uma sensibilidade rara: aquela capacidade de parar, respirar e observar os detalhes do cotidiano que tantas vezes passam despercebidos pelos olhos apressados. Ela enxerga poesia no que muitos ignoram, e é justamente essa visão que move a história.

Durante um dia ensolarado, em um momento de inspiração e saudade da infância, Anete decide escrever uma poesia, um hábito antigo, adormecido pelas exigências da vida adulta. É então que, ao contemplar o jardim, ela encontra uma pequena joaninha.

E não é qualquer joaninha: essa vai ganhar um nome, uma poesia e, sobretudo, um espaço afetivo na imaginação de quem lê o livro. Surge Ivete, uma joaninha especial que desperta sentimentos profundos e reflexões valiosas.

Ivete, a joaninha que inspira

Ao dar um nome à joaninha, Maria Regina Bach nos mostra que todo ser vivo tem valor. Ivete, apesar de minúscula, passa a ser personagem central de um poema carregado de significado.

A autora trabalha aqui um conceito fundamental para a formação infantil: o respeito à vida em todas as suas formas. Cada bichinho, por menor que seja, tem seu papel na natureza, sua beleza, sua importância.

Ivete simboliza a delicadeza da natureza e como o olhar atento pode transformar um simples encontro com um inseto em uma experiência profunda e poética.

A partir dessa interação, Anete se reconecta com sua essência, com sua criança interior e com uma sensibilidade que o cotidiano havia soterrado.

Essa mensagem, passada com leveza e poesia, toca crianças e adultos, lembrando que os sentimentos mais simples podem ser os mais transformadores.

Poesia que educa e emociona

Um dos pontos altos da obra é o modo como a autora introduz a poesia na narrativa. A poesia escrita por Anete dentro da história funciona como um recurso lúdico e pedagógico, despertando o gosto pela linguagem poética nas crianças.

O texto mostra que a poesia pode surgir de momentos corriqueiros, de pequenos gestos, e que todos nós somos capazes de criar quando sentimos com o coração aberto.

A musicalidade e o ritmo da narrativa tornam a leitura ainda mais prazerosa, especialmente se for compartilhada em voz alta, como em rodas de leitura ou momentos de contação de histórias.

É o tipo de livro que se torna um ótimo ponto de partida para conversas em sala de aula ou em casa sobre temas como meio ambiente, empatia, imaginação e expressão artística.

Um livro que planta sementes

“Anete e a Joaninha Ivete” é uma obra que vai além do entretenimento. Ele educa, sensibiliza e emociona. Ao final da leitura, é impossível não se pegar olhando para uma joaninha com outros olhos, ou sentindo vontade de escrever um poema inspirado em algo pequeno, mas cheio de significado.

Maria Regina Bach acerta em cheio ao unir ternura e reflexão em uma história breve, mas inesquecível. É um livro ideal para despertar a consciência ecológica nas crianças desde cedo, sem apelar para discursos moralistas, mas sim apostando na força do afeto e da poesia.

Recomendo a leitura para crianças em fase de alfabetização, para educadores que desejam trabalhar temas ambientais e para famílias que desejam cultivar o hábito da leitura com seus pequenos.

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