Em Conatus e as conotações do deserto que há em mim, do escritor Eduardo Ramos, conta história de um homem que está bastante desesperançoso com a vida e não vê mais motivos para continuar. Abalado, ele toma a decisão de ir para o Atacama para tentar se reencontrar e achar um motivo para viver.

Assim que chega no local, ele faz um passeio turístico e decide dar fim à própria vida, mas uma mulher misteriosa o interrompe e faz com que ele muda de ideia. Por conta dessa situação inusitda, ele fica obcecado em encontrar essa mulher enigmática, que ele nunca viu, mas que salvou a sua vida.

Essa mulher se chama Lena e também teve suas razões para embarcar nessa jornada no Atacama e ao longo da leitura vamos descobrindo suas motivações e o que ela estava fazendo ali.

Com uma narrativa filosófica, o autor nos guia para uma jornada de autodescoberta e profunda reflexão, onde tudo é muito maia profundo do que parece e há coisas que não conseguimos entender muito bem, mas no momento certo, a resposta virá.

Ao destrinchar as camadas da vida e da morte, nos deparamos com uma temática complexa, mas que o autor soube escrever de uma maneira que fica fácil de entender, nos deixando hipnotizado diante de uma leitura que impacta qualquer leitor, fazendo que a nossa curiosidade fique aguçada junto com o personagem principal, que também busca por respostas.

Abordando teorias da filosofia que enriquecem ainda mais a leitura, o autor nos apresenta o conceito de Deus de Spinoza, uma tema muito interessante que é explicado de forma detalhada por Ramos.

Sem pregação, o autor consegue abordar muito bem um tema tão complicado e que não é fácil de entender, mas as analogias feitas no livro são sensacionais e mostram um Deus diferente de qualquer religião existente.

Tudo acontece por uma razão e isso é deixado claro durante as páginas, que contam com uma escrita de fácil entendimento e linguagem clara.

Ver um Deus tão diferente daquilo que é repassado em diversas religiões me deixou encantada por esse conceito filosófico que é apresentado ao leitor dessa obra e feito de uma forma que fica fácil compreender. Tema muito estudado na área acadêmica, o autor soube escrever da forma certa sobre esse conceito.

Mergulhando na profundidade da alma e nas complexidades da vida, a história é bastante original e se diferencia das demais obras pelo seu caráter inovador diante da jornada de redescoberta do personagem central e como tudo acontece no seu devido tempo.

Os sentimentos do início do livro são conflitantes, difíceis e pesados vindo de um indivíduo que está claramente em sofrimento e não vê mais motivo para continuar vivo. Sentimentos esses que, infelizmente, são muito comuns na sociedade, visto que quase um milhão de pessoas tiram a própria vida todo ano. Um número alarmante e o autor traz esse tema de forma clara, sem romantizar ou trazer dados que não batem com a realidade.

O tema suicídio necessita ser debatido, é um assunto sério que tem que ser feito com responsabilidade, e o autor soube descrever bem os sentimentos de alguém que perdeu todas as esperanças, alguém em completo sofrimento.

Diante da leitura me vi debatendo comigo minhas crenças e o que seria Deus, se esse ser existe, como ele seria? Foi uma leitura muito esclarecedora pois consegui refletir bastante diante dessa figura divina. Se existe um Deus, ele é feito o ser do livro, de um jeito que nenhuma religião explicou.

A leitura flui ao se deparar com sentimentos difíceis de descrever, mas que o escritor consegue com perfeição falar tanto de esperança como também de desespero e mostra que um não existe sem o outro, assim como o bem não existe contra mal. Um necessita do outro.

Com um enredo único, e uma leitura profunda, uma escrita tocante e personagens cativantes, essa é uma ótima leitura para aqueles que buscam um livro para refletir e ter um primeiro contado com a filosofia de Espinoza. O livro está disponível na Amazon, não deixe de adquirir o seu exemplar, aproveite também para seguir o autor no Instagram e fique por dentro de todas as novidades.