Resenha | Cunhataí: Um romance da Guerra do Paraguai – Maria Filomena Bouissou Lepecki

“Cunhataí: Um Romance da Guerra do Paraguai” da talentosa autora Maria Filomena Bouissou Lepecki é uma obra literária que fascina e emociona o leitor ao transportar-lhe para um dos períodos mais turbulentos da história do Brasil: a Guerra do Paraguai. Neste romance histórico, Lepecki tece uma narrativa onde a linha entre a ficção e a história se desdobra com maestria, criando uma trama rica e envolvente.

A história central gira em torno de três personagens principais: um espião paraguaio, um bravo capitão brasileiro e uma jovem sinhazinha aventureira, Micaela. O pano de fundo é o Brasil imperial, especificamente a expedição militar destinada a libertar Mato Grosso das forças paraguaias invasoras. A pergunta que permeia todo o romance é se uma história de amor pode, de fato, alterar os rumos de uma guerra. E, ao longo das páginas, a resposta parece ser um retumbante “sim”.

Maria Filomena Lepecki adota uma narrativa ágil que permite ao leitor transitar entre o passado e o presente, destacando como eventos históricos podem ecoar na vida das pessoas comuns. A autora se vale de uma pesquisa detalhada para inserir eventos e personagens fictícios em um contexto real, sem perder a veracidade histórica. Este método enriquece a trama e proporciona ao leitor uma imersão profunda no cenário da Guerra do Paraguai.

A personagem Micaela é o coração pulsante deste romance. Inicialmente apresentada como uma jovem sonhadora, sua jornada é marcada por desafios e amadurecimento. A guerra além de moldar o destino de uma nação, transforma também o destino de Micaela, que cresce e se transforma em uma mulher forte e determinada. Sua evolução é um reflexo das batalhas internas e externas enfrentadas por muitas mulheres ao longo da história, tornando-se uma representação universal da figura da cunhataí.

O relacionamento entre Micaela e o espião paraguaio Zavirría é mais do que um simples elemento romântico; é um fio condutor que permeia toda a narrativa. A paixão entre os dois personagens oferece momentos de ternura e esperança em meio ao caos da guerra, além de simbolizar a força do amor como agente de mudança. A autora sugere que este vínculo afetivo tem o poder de influenciar os desfechos da guerra, destacando como as relações humanas são intrinsecamente ligadas aos grandes eventos históricos.

A ambientação do romance é um dos pontos altos da obra. Dos bailes luxuosos em Campinas ao sertão bruto de Mato Grosso, Lepecki descreve com precisão e vivacidade os diferentes cenários, criando uma atmosfera palpável que transporta o leitor para o século XIX. A estrada cheia de buracos e curvas que Micaela percorre é uma metáfora poderosa para as dificuldades e incertezas da vida durante a guerra.

Maria Filomena Bouissou Lepecki demonstra um cuidado excepcional com a pesquisa histórica, o que é evidente tanto em “Cunhataí” quanto em sua obra anterior, “Uma Ponte para Istambul”. Seu talento para desenvolver romances históricos premiados é inegável, e sua habilidade em tecer uma trama ficcional com eventos históricos reais é impressionante. A escrita da autora é fluida e envolvente, mantendo o leitor ávido por mais a cada página.

“Cunhataí” não é apenas um romance sobre a Guerra do Paraguai; é uma reflexão sobre a resistência e a resiliência das mulheres em tempos de adversidade. A obra de Maria Filomena oferece uma perspectiva enriquecedora sobre como os eventos históricos impactam a vida cotidiana e as relações pessoais. A autora consegue capturar a essência da experiência humana em meio ao tumulto da guerra, oferecendo uma leitura que é ao mesmo tempo imersiva e profundamente emocional.

Em “Cunhataí: Um Romance da Guerra do Paraguai”, Maria Filomena Bouissou Lepecki nos brinda com uma narrativa poderosa e evocativa que destaca a coragem e a determinação das mulheres. Ao retratar o amadurecimento de Micaela, a autora cria uma personagem com a qual muitas leitoras podem se identificar, tornando sua jornada um espelho das batalhas enfrentadas por todas as cunhataís. A mescla habilidosa de ficção e história proporciona uma leitura rica e cativante, que certamente agradará tanto aos amantes de romances históricos quanto aos interessados na história do Brasil.

Espero ansiosamente por novas histórias de Maria Filomena Bouissou Lepecki, pois sua habilidade de transformar eventos históricos em narrativas envolventes é verdadeiramente admirável. “Cunhataí” é uma obra que merece ser lida e apreciada por sua profundidade, seu cuidado com os detalhes e sua capacidade de tocar o coração dos leitores.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Mestrando em Comunicação pelo PPGCOM da UFPE. Amante da cultura pop, apaixonado por livros e adora escrever sobre temas diversos. Além disso, é um entusiasta de música, filmes e séries, sempre buscando explorar e compartilhar suas impressões sobre o mundo do entretenimento.

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