A poesia tem o poder de capturar a essência do tempo, de nos fazer refletir sobre a complexidade das emoções e da existência.

Em Frágeis Artefatos, Rogério Rocha mergulha na fragilidade das relações humanas e na liquidez dos sentimentos na era digital. Com versos sensíveis e críticos, ele nos convida a refletir sobre como a modernidade molda nossa maneira de amar, se conectar e existir.

A modernidade líquida em versos

Vivemos tempos acelerados, onde tudo parece passageiro: as emoções, os laços, as memórias. A sociedade hipermoderna, regida pela velocidade da informação e pelas redes sociais, se torna pano de fundo para os poemas de Rocha. Aqui, ele questiona o que ainda nos sustenta quando tudo parece volátil e efêmero.

A relação entre o homem e a tecnologia é uma das principais provocações do livro. O autor explora como a inteligência artificial, os algoritmos e a comunicação virtual transformam nossas interações, tornando-as tão frágeis quanto os artefatos do passado, relíquias de um tempo que talvez não tenha mais solidez.

A beleza da vulnerabilidade

Em meio a essa realidade fragmentada, Rocha encontra beleza na impermanência, destacando que é justamente a fragilidade das conexões que as torna especiais.

Seus poemas transitam entre a melancolia e a contemplação, capturando o dilema de quem busca estabilidade em um mundo que insiste em escapar pelos dedos.

O livro não se limita a apontar as rupturas da contemporaneidade. Ele também é um convite para apreciar a delicadeza dos momentos fugazes.

Seja em um olhar compartilhado, em um diálogo interrompido ou em um amor que não resistiu ao tempo, há algo de poético na transitoriedade da vida, e Rocha traduz isso com maestria.

Uma escrita que provoca e emociona

Rogério Rocha constrói seus versos com sensibilidade e precisão, equilibrando lirismo e crítica social. Sua escrita não é apenas introspectiva – ela questiona, inquieta e convida à reflexão.

A forma como ele mescla pensamentos filosóficos e sentimentos cotidianos faz com que a poesia se torne acessível, sem perder sua profundidade.

Seus versos falam sobre a solidão em meio à hiperconectividade, o ego inflado das redes sociais, o medo da irrelevância e o desejo humano por pertencimento.

Ao longo da leitura, o leitor se depara com perguntas que ecoam: O que nos ancora quando tudo é tão volátil? As conexões virtuais podem substituir os laços físicos? Até que ponto estamos realmente nos comunicando ou apenas nos projetando?

Uma experiência sensorial única

Além dos poemas impactantes, Frágeis Artefatos oferece uma experiência sensorial diferenciada, pois vem acompanhado de uma playlist cuidadosamente selecionada pelo autor.

Ouvindo as músicas enquanto lia, senti que a sonoridade amplificava a atmosfera do livro, tornando a imersão ainda mais profunda.

Esse detalhe torna a leitura ainda mais especial, pois permite que cada poema ganhe um ritmo próprio, uma melodia emocional que ressoa no leitor. A playlist dialoga com a essência da obra, criando um ambiente intimista e reflexivo.

Frágeis Artefatos não é apenas um livro de poemas, é um espelho da nossa era. Com sua escrita afiada e cheia de sensibilidade, Rogério Rocha traduz as inquietações da contemporaneidade, abordando as incertezas, os afetos e a fragilidade das conexões humanas no mundo digital.

Se você gosta de poesia que questiona, emociona e provoca reflexões, essa leitura é imperdível. É um livro que nos lembra que, apesar da liquidez dos tempos modernos, ainda buscamos algo que nos ancore, que nos conecte e que nos faça sentir vivos.

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