Identidade, de Tom W. Kooper, é um suspense psicológico que desvenda os segredos da memória

“Se somos a soma das nossas experiências, então quem somos se todas as lembranças de uma vida desaparecem da noite para o dia?” Essa premissa intrigante é o ponto de partida de Identidade, livro de Tom W. Kooper, que mistura drama psicológico e suspense investigativo em uma narrativa habilmente tecida.

A obra mergulha no dilema existencial de Alan Cerqueira, um médico bem-sucedido que perde completamente a memória após um acidente de carro, e nas consequências devastadoras dessa perda, tanto para ele quanto para aqueles ao seu redor.

Alan Cerqueira, proprietário do hospital Boa Vista, leva uma vida aparentemente estável. Ele é pai de Lorena e casado com Isabella, uma mulher 28 anos mais jovem. Tudo muda drasticamente quando, após um acidente automobilístico, Alan acorda sem lembrança alguma de sua vida anterior.

Suas memórias desapareceram, obliterando os detalhes de sua carreira e suas relações mais íntimas — o que deixa de ser um simples enredo sobre amnésia e se transforma numa investigação profunda sobre identidade, propósito e as complexidades das relações humanas.

A amnésia de Alan obriga-o a confrontar uma questão central: quem ele é sem suas lembranças? O que define sua identidade? Se somos moldados pelas nossas experiências, como podemos entender a nós mesmos sem essas experiências para nos guiar?

Essas perguntas filosóficas são exploradas ao longo do livro, criando uma narrativa densa e cheia de camadas. Kooper retrata de forma realista o desespero e a confusão de Alan ao tentar preencher as lacunas de sua memória e entender o papel que desempenhou na vida de sua família e amigos.

Em muitos momentos, ele se vê incapaz de confiar em quem lhe dá respostas — uma temática central da obra: as pessoas ao redor dele são quem parecem ser?

Conforme Alan tenta se reconectar com as pessoas que fazem parte de sua vida, ele percebe que nem todos são o que aparentam ser. Kooper trabalha brilhantemente com a ambiguidade das pessoas, deixando tanto o protagonista quanto o leitor na dúvida sobre as verdadeiras intenções das pessoas que rodeiam Alan.

Sua esposa Isabella, descrita como jovem e atraente, torna-se uma figura enigmática, cuja lealdade e afeto parecem flutuar em função dos mistérios que surgem. Sua filha Lorena, por outro lado, é pintada como uma mulher determinada, mas envolvida em uma trama de desconfiança e medo crescente.

Essa incerteza sobre a confiabilidade das pessoas ao seu redor cria uma tensão constante na história. Alan se vê em um dilema moral: deve recuperar suas memórias e revisitar um passado que pode revelar verdades desconfortáveis, ou seguir em frente e começar uma nova vida, livre de vínculos antigos e relações quebradas?

A dualidade entre descobrir quem foi ou reinventar-se é uma luta interna poderosa, um dos pontos altos da construção de personagem que Kooper habilmente orquestra.

Paralelamente à jornada de autodescoberta de Alan, sua filha Lorena começa uma investigação que adiciona um forte elemento de suspense ao romance. Ela suspeita que o acidente de seu pai não foi um mero acaso, mas um atentado.

Ao contar com a ajuda de amigos e de seu noivo, Lorena se envolve em uma teia de conspirações e segredos que coloca sua própria vida em perigo.

À medida que testemunhas e pessoas com informações cruciais começam a morrer em circunstâncias suspeitas, a atmosfera do romance se torna ainda mais tensa, e o leitor é levado a questionar quem está por trás do suposto atentado.

O paralelo entre a busca de Alan por sua identidade e a investigação de Lorena sobre a verdade em torno do acidente é uma das grandes forças de Identidade. Kooper amarra essas duas linhas narrativas com maestria, usando o suspense para manter o ritmo da trama, enquanto explora questões filosóficas e emocionais profundas.

O leitor é constantemente incentivado a fazer suas próprias teorias, mas é inevitavelmente surpreendido pela reviravolta final — um plot twist impressionante que redefine toda a história e deixa uma marca indelével.

Além de seu enredo envolvente, Identidade também convida o leitor a refletir sobre a própria natureza da identidade humana. O livro levanta questões sobre até que ponto somos definidos pelas nossas lembranças e como as pessoas ao nosso redor influenciam nossa percepção de quem somos.

Kooper questiona as máscaras sociais que todos usamos e explora a dicotomia entre o que somos internamente e como nos apresentamos ao mundo. O suspense é apenas um pano de fundo para uma discussão muito mais profunda sobre a psique humana e as camadas de complexidade que formam a nossa identidade.

Identidade é um livro que vai além do suspense tradicional. Ele oferece uma análise instigante sobre o sentido da identidade e os desafios de lidar com um passado perdido. A obra de Tom W. Kooper combina tensão, emoção e filosofia em uma narrativa repleta de reviravoltas.

À medida que os mistérios se desvendam, o leitor se vê imerso em uma jornada que não é apenas sobre a descoberta de um crime, mas também sobre a redescoberta de quem realmente somos.

É uma leitura que prende do início ao fim e que provoca reflexões duradouras sobre a fragilidade e a complexidade da memória e da identidade humana.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Mestrando em Comunicação pelo PPGCOM da UFPE. Amante da cultura pop, apaixonado por livros e adora escrever sobre temas diversos. Além disso, é um entusiasta de música, filmes e séries, sempre buscando explorar e compartilhar suas impressões sobre o mundo do entretenimento.

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