
A jornada do herói: por que ainda funciona em 2025?
A jornada do herói é uma das estruturas narrativas mais clássicas e influentes da ficção. De Star Wars a Harry Potter, de O Rei Leão a Stranger Things, ela moldou incontáveis histórias que marcaram gerações, e continua viva mesmo em meio a tantas inovações no cinema, na literatura e nas séries.
Mas por que essa fórmula ainda funciona em 2025, em um mundo narrativo que valoriza diversidade, estruturas não lineares e experimentações visuais? O que mantém a jornada do herói tão atual?
A seguir, você vai entender o que é a jornada do herói, conhecer suas 12 etapas fundamentais, descobrir exemplos na cultura pop e refletir por que ela ainda encanta o público, mesmo em uma era de narrativas cada vez mais fragmentadas e aceleradas.
O que é a jornada do herói?
A jornada do herói, também chamada de monomito, é uma estrutura mítica proposta pelo antropólogo Joseph Campbell no livro O Herói de Mil Faces (1949). Campbell identificou padrões narrativos comuns em histórias de diversas culturas e épocas, do épico grego à ficção moderna, e propôs um modelo universal que espelha a trajetória de crescimento e transformação do ser humano.
Segundo essa teoria, toda boa história envolve um personagem que sai de seu mundo comum, enfrenta desafios, sofre perdas, aprende lições, supera obstáculos e retorna transformado. Essa estrutura cria empatia imediata com o público, pois reflete nossos próprios ciclos de mudança, crise e superação.

Diretores, roteiristas e escritores vêm usando essa fórmula há décadas para criar narrativas envolventes, emocionantes e memoráveis. E mesmo com o passar do tempo, ela continua sendo uma das bases mais sólidas do storytelling.
As 12 etapas da jornada do herói
A versão mais difundida da jornada do herói foi adaptada por Christopher Vogler, roteirista e consultor da Disney, que transformou o modelo de Campbell em uma ferramenta prática para o cinema e a televisão.
Veja abaixo as 12 etapas da jornada do herói, com explicações curtas:
- Mundo comum: o herói vive sua rotina, ainda ignorando seu potencial ou destino.
- Chamado à aventura: algo quebra a rotina: um convite, desafio ou ameaça.
- Recusa do chamado: o herói hesita, tem medo ou nega a mudança.
- Encontro com o mentor: um guia (mestre, figura sábia ou até um objeto) aparece para ajudar.
- Travessia do primeiro limiar: o herói entra em um novo mundo, desconhecido e cheio de regras diferentes.
- Testes, aliados e inimigos: surge uma série de obstáculos e encontros que moldam o herói.
- Aproximação da caverna oculta: o momento em que o herói se prepara para o grande desafio.
- Provação suprema: o confronto mais difícil da jornada, geralmente envolvendo risco de vida ou falência moral.
- Recompensa: após vencer a provação, o herói conquista algo: poder, sabedoria, cura ou revelação.
- Caminho de volta: começa o retorno ao mundo comum, agora com novas responsabilidades.
- Ressurreição: um último teste que simboliza a transformação completa do herói.
- Retorno com o elixir: o herói volta para casa, mudado, e leva consigo algo que beneficia os outros.
Exemplos da jornada do herói em livros, filmes e séries
Essa estrutura pode ser encontrada em diversas obras marcantes da cultura pop. Veja como ela se encaixa em diferentes formatos:
Filmes
Star Wars: Uma Nova Esperança: Luke Skywalker é o exemplo clássico de herói que sai do mundo comum (Tatooine), encontra um mentor (Obi-Wan), enfrenta o Império e retorna como símbolo de esperança.
Matrix: Neo nega sua missão, encontra Morpheus (mentor), entra no mundo real e descobre seu poder como “O Escolhido”.
O Rei Leão: Simba foge de seu chamado, mas retorna após a morte de Mufasa para enfrentar Scar e restaurar a ordem.
Livros
Harry Potter: vive no “mundo comum” até receber a carta de Hogwarts. Dumbledore é seu mentor. Enfrenta provas, aprende magia, confronta Voldemort.
O Hobbit: Bilbo Baggins é arrancado da vida pacata e embarca em uma aventura com anões e dragões.
Percy Jackson: descobre ser um semideus e parte em uma jornada para salvar o mundo dos deuses gregos modernos.
Séries
Stranger Things: Eleven foge do laboratório e encontra um grupo de amigos. Enfrenta o Mundo Invertido, se sacrifica e retorna como figura central da resistência.
The Witcher: Geralt resiste ao chamado do destino, mas é constantemente arrastado para ele.
Avatar: A Lenda de Aang: Aang nega sua identidade como Avatar, mas aceita seu papel e completa a jornada ao dominar todos os elementos.
Por que a jornada do herói ainda funciona em 2025?
Mesmo com novos estilos de narrativa, como histórias fragmentadas, estruturas não lineares ou múltiplos protagonistas, a jornada do herói ainda emociona e engaja.
Isso acontece porque ela representa o ciclo humano de crescimento: todo mundo já viveu (ou vai viver) sua própria travessia do limiar, sua provação e sua transformação.

Além disso, o modelo é altamente adaptável: pode ser usado por influenciadores digitais, marcas, roteiristas de games ou criadores de conteúdo em redes sociais, que moldam suas narrativas como “mini jornadas”. A lógica do “antes e depois”, do “quem eu era e quem sou hoje”, ainda é irresistível.
Estúdios como Marvel e Disney seguem explorando essa estrutura com sucesso, mesmo em narrativas mais modernas. Personagens como Peter Parker, Moana, Wanda Maximoff e Miles Morales passam por arcos que se alinham perfeitamente à jornada do herói, ainda que com roupagens atualizadas.
A jornada do herói segue viva não por ser uma fórmula repetida, mas por tocar em algo universal: a vontade humana de superar desafios, evoluir e transformar o mundo à sua volta. Mesmo em 2025, ela continua sendo uma das engrenagens mais poderosas do storytelling.
Na próxima vez que assistir a um filme ou começar uma nova série, tente identificar essas etapas. Você vai se surpreender com o quanto elas ainda estão presentes, mesmo nas narrativas mais inovadoras.
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