“Laço de Fita”, da autora Elieni Caputo, é uma jornada intensa pela fragilidade da mente

O livro Laço de Fita, escrito por Elieni Caputo, oferece ao leitor uma experiência literária intensa e ao mesmo tempo profundamente íntima.

A obra é uma autoficção que mistura realidade e ficção, onde a autora e a personagem principal se fundem para contar a história de uma mulher que, após ser internada, enfrenta um processo de alienação gradual, agravado pela incapacidade de se comunicar com sua família, com os profissionais de saúde e com o próprio governo.

Ao longo da narrativa, a alienação mental de Elieni se entrelaça com a linguagem escolhida pela autora, criando uma reflexão poderosa sobre identidade, autonomia e a fragilidade da razão humana.

Desde o início, é importante destacar que Laço de Fita não é apenas um relato autobiográfico de uma mulher que enfrentou a internação e a perda temporária de sua autonomia.

A obra vai além da simples exposição dos fatos; ela reconfigura a experiência de Elieni Caputo através da escrita. A linguagem, neste contexto, não serve apenas para narrar, mas também para refazer e reconstruir a autora-personagem, da mesma maneira que um laço de fita é refeito após ser desfeito.

Quando pensamos em um laço de fita que se desfaz, vem à mente a ideia de perda. Algo frágil, delicado, que se desmancha aos poucos. Essa metáfora permeia toda a narrativa. Elieni Caputo, enquanto personagem, é esse laço que se desfaz durante sua jornada de alienação e reconquista de si mesma.

Entretanto, através do poder da palavra e da literatura, a autora nos permite observar o processo de reconstrução desse laço. Há, portanto, uma simbiose entre o sofrimento vivido e a capacidade de ressignificá-lo, um processo que apenas quem esteve na escuridão mais profunda pode narrar com tamanha profundidade e delicadeza.

Um dos pontos mais impactantes de Laço de Fita é a reflexão sobre a loucura e a perda da razão. A obra lembra ao leitor que a linha entre a sanidade e a loucura é tênue e que a perda da própria identidade é uma das experiências mais aterrorizantes que um ser humano pode enfrentar.

Eliene Caputo aborda esse tema com lucidez assustadora, o que, paradoxalmente, torna a narrativa ainda mais poderosa. A personagem, ao relatar sua insensatez com clareza e precisão, transmite ao leitor a sensação de que somente alguém que já atravessou o abismo da alienação mental pode descrever essa experiência com tamanha verossimilhança.

Há um sentimento constante de impotência e abandono. A personagem, incapaz de se comunicar, é deixada à mercê de um sistema que, ao invés de acolhê-la, contribui para seu afastamento da realidade.

Esse abandono, sobretudo por parte daqueles que deveriam ser seu apoio – a família e o sistema de saúde – é descrito de maneira visceral. O leitor é levado a experimentar essa sensação de isolamento, que intensifica o sentimento de desamparo que permeia a narrativa.

Outro aspecto fascinante da obra é o paradoxo que ela carrega. Se, por um lado, Elieni narra sua alienação e perda de controle sobre si mesma, por outro, a autora demonstra um domínio impressionante sobre sua narrativa e sobre a linguagem.

Esse contraste entre a perda da razão e o controle total da escrita é o que torna Laço de Fita uma leitura tão impactante. A escrita de Eliene Caputo é ao mesmo tempo lúcida e carregada de emoção, oferecendo ao leitor uma experiência imersiva que provoca reflexões profundas sobre a condição humana.

Ler Laço de Fita é uma experiência emocionalmente desafiadora. O livro exige do leitor uma disposição para enfrentar os tormentos da personagem, para sentir sua dor e seu desamparo.

No entanto, ao mesmo tempo, oferece uma espécie de alívio ao saber que a autora conseguiu superar esse período sombrio de sua vida. Há um certo consolo em saber que, após tanta escuridão, Elieni Caputo conseguiu ver a luz novamente e, através da literatura, compartilha com o mundo sua jornada de superação.

Por fim, Laço de Fita é uma obra que convida o leitor a desatar o laço que une autora e personagem, a entrar em contato com as dores e as lutas da personagem Elieni, e a refletir sobre a fragilidade da mente.

É um livro que, acima de tudo, nos faz lembrar que a loucura, embora aterrorizante, faz parte da condição humana e que a recuperação da razão, quando alcançada, é um dos maiores triunfos que podemos experimentar.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Mestrando em Comunicação pelo PPGCOM da UFPE. Amante da cultura pop, apaixonado por livros e adora escrever sobre temas diversos. Além disso, é um entusiasta de música, filmes e séries, sempre buscando explorar e compartilhar suas impressões sobre o mundo do entretenimento.

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