
Perdão, de Carla D. Oliveira, é uma obra sensível que nos mostra a importância de perdoar
Perdão, da autora portuguesa Carla D. Oliveira, não é apenas uma história sobre dores passadas, é um verdadeiro convite à reflexão.
Acompanhamos Sofia, uma mulher que acredita ter se tornado forte. Mas sua suposta força, percebemos logo, é um escudo moldado pela culpa, pela negação e por um orgulho construído sobre cicatrizes mal curadas.
Forçada pelas circunstâncias a retornar à casa da avó Ana, um local impregnado de fé e memórias afetivas, Sofia precisa encarar as dores que escondeu por tanto tempo, inclusive de si mesma.
A partir desse retorno, se inicia uma jornada de transformação, onde perdoar-se se mostra mais difícil, e mais necessário, do que qualquer outra batalha.
Perdoar a si mesma: o desafio mais duro
Diferente de muitas narrativas que exploram o perdão como um ato dirigido ao outro, Perdão se volta para dentro.
Aqui, o foco está na aceitação das próprias falhas e na coragem de acolher a própria humanidade. Sofia é uma mulher que sempre acreditou no controle, na independência, no distanciamento. Mas ao reencontrar o silêncio da casa de Ana e os ecos da fé da infância, ela se vê desarmada.
É nesse cenário de introspecção que Carla constrói seu enredo, com uma linguagem lírica e compassiva, tocando em temas como medo, rejeição, ego e espiritualidade.
O perdão, nessa obra, se revela como um processo, e não como um gesto único. Sofia não acorda curada, mas aprende, passo a passo, a se permitir mudar.
Espiritualidade como guia de cura
A espiritualidade tem uma presença marcante na narrativa, mas é apresentada de forma delicada e universal. O “Pai”, como é referido, representa uma força amorosa, paciente e compassiva, que jamais julga e sempre acolhe. A fé aqui não é imposta; é descoberta. É o solo fértil onde germinam o perdão, a aceitação e o amor-próprio.
Ao reconectar-se com sua essência e com Deus, Sofia passa a perceber o quanto havia se afastado de tudo o que era verdadeiro.
Essa reconexão é uma das passagens mais emocionantes da história, porque não exige perfeição, mas apenas presença — estar ali, inteira, com todos os seus erros, pronta para voltar ao que realmente importa.
Avó Ana: o fio de ternura que costura o passado
O papel da avó Ana é como um sopro de sabedoria antiga e amor incondicional. Mesmo ausente fisicamente, ela se faz presente nas lembranças, nos conselhos e no ambiente que criou para acolher.
Ana representa a fé simples, que nunca abandona; o amor que não exige nada em troca; a ternura que ensina sem levantar a voz.
Através das palavras e lembranças de Ana, Sofia vai reconstruindo pontes, compreendendo que se afastar de si mesma foi o que mais a feriu.
O reencontro com a essência passa por reconhecer essa dor — e acolhê-la com a mesma ternura que um dia recebeu da avó.
Uma escrita que toca profundamente
A escrita de Carla D. Oliveira é envolvente, delicada e rica em metáforas e reflexões. Frases como “O perdão não muda o que aconteceu. Muda quem tu decides ser depois da dor” revelam a densidade emocional do texto.
É uma leitura que pede pausa, respiração e entrega. Ao folhear as páginas, o leitor inevitavelmente se verá refletido nos dilemas de Sofia.
Um livro sobre amor, reconexão e coragem
Perdão não se limita à ficção. É um livro que conversa com o íntimo de quem já se sentiu insuficiente, quebrado, culpado ou esquecido.
Ele nos lembra que o amor-próprio é uma jornada, e que a paz verdadeira começa quando paramos de lutar contra nós mesmos.
Se você procura uma leitura transformadora, sensível e espiritual, esta obra é para você. Um livro para quem busca não apenas uma história, mas também um reencontro com a própria essência.
O livro será lançado em breve pela editora Mágico de Oz. Para mais informações, siga a autora no Instagram e fique por dentro de todas as novidades.