Quatro Letras, de Flávia Camargo, é uma dessas obras que atravessam o leitor de forma silenciosa e poderosa. Com sensibilidade, coragem e um amor que transcende a dor, a autora compartilha sua experiência com o luto materno e transforma uma vivência profundamente pessoal em um gesto coletivo de acolhimento, empatia e cura.

A história nasce da breve, porém marcante, passagem de Igor, seu primeiro filho, que partiu poucos dias após o nascimento, em decorrência da síndrome de HELLP, uma condição rara e grave durante a gravidez.

Mas, como a própria autora afirma, o impacto de Igor em sua vida foi tão imenso quanto o de qualquer ser que permaneceu por décadas. É por ele — e por tudo que ele representou — que esse livro existe.

Uma estrutura simbólica e poética

O livro é estruturado em dez capítulos, cada um nomeado com uma palavra de quatro letras, como “Igor”, “Vida”, “Cura”, “Luta”, “Amor”, entre outras. Flávia escolhe essas palavras não por acaso: cada uma carrega um universo de significados que, juntos, costuram a jornada emocional e espiritual da autora.

Essa proposta simples se revela profundamente simbólica. As palavras de quatro letras que ela escolhe são sínteses de sentimentos, fases, dores e aprendizados, que traduzem seu processo de transformação.

Ao perceber que o nome de seu filho tinha a mesma quantidade de letras que palavras como “Deus”, “Amor” e “Tudo”, Flávia constrói um elo poético entre linguagem e vivência. O vocabulário vira refúgio, mapa, memória.

Um luto que é amor em forma de palavra

Ao longo da leitura, nos deparamos com relatos comoventes da gestação, do parto, da perda e do renascimento interior que veio em seguida.

Mas Quatro Letras vai além do relato de uma tragédia. Ele é, sobretudo, uma declaração de amor. A cada capítulo, o que se revela é a força de uma mãe que decidiu manter viva a lembrança do filho não como ausência, mas como presença constante e transformadora.

Flávia também compartilha cartas escritas para Igor, criando uma espécie de ponte entre mundos. São momentos de intimidade extrema, nos quais ela revela seus sentimentos mais profundos, suas saudades e suas descobertas após a perda. Essas cartas tocam fundo, porque falam diretamente à experiência humana de quem já amou e perdeu.

Espiritualidade, memória e resiliência

Outro aspecto marcante do livro é sua abordagem delicada e sincera sobre espiritualidade. A autora não oferece respostas prontas, mas propõe caminhos.

Ela convida o leitor a considerar que a dor não precisa ser superada, mas acolhida, compreendida e transformada em um novo jeito de viver.

Flávia mostra que é possível, sim, rir novamente (Riso), enxergar beleza (Belo), manter laços (Laço) e seguir em busca da cura (Cura), mesmo carregando a saudade no peito. O luto, aqui, não é um ponto final, mas uma vírgula, um convite à reconstrução de si, com as marcas do amor como base.

Para quem o livro fala

Quatro Letras é um livro que fala, especialmente, a outras mães e pais que viveram o luto gestacional ou neonatal. Mas ele também toca qualquer leitor que já passou pela dor da perda e busca uma forma de ressignificá-la. É uma leitura íntima, carregada de emoção, mas escrita com clareza e beleza.

A linguagem de Flávia é suave, fluida, e sua escrita é capaz de tocar corações com profundidade, sem excessos, sem melodrama, apenas com verdade. É uma obra que se lê com olhos marejados, mas também com o coração aquecido pela força de uma mulher que escolheu transformar sua dor em luz.

Quatro Letras é, acima de tudo, um ato de amor. Um livro que nasceu da dor, mas floresceu como consolo. Flávia Camargo entrega uma obra sensível, poética e curativa, que oferece não só o testemunho de uma perda, mas também um caminho possível de superação e esperança.

É o tipo de leitura que nos lembra do valor da vida, da potência da palavra e da eternidade do amor, mesmo diante da mais dura despedida. Um livro que acolhe, emociona e permanece muito além da última página.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Mestrando em Comunicação pelo PPGCOM da UFPE. Amante da cultura pop, apaixonado por livros e adora escrever sobre temas diversos. Além disso, é um entusiasta de música, filmes e séries, sempre buscando explorar e compartilhar suas impressões sobre o mundo do entretenimento.

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