Resenha | Serendipidade – Eduardo Correa
“Serendipidade”, o livro de estreia de Eduardo Correa, surge como uma brisa refrescante no cenário da poesia contemporânea brasileira.
Através de versos que transitam entre o acaso e o imprevisto, Eduardo Correa apresenta um trabalho que não apenas impressiona pela sua sensibilidade poética, mas também pela profundidade e complexidade das imagens que evoca.
Abrir “Serendipidade”, de preferência ao acaso, é mergulhar na sincronicidade junguiana, como destacou o escritor Lucas Castor na apresentação do livro, ressaltando que a matéria disforme da nossa existência encontra expressão nas páginas deste volume.
Eduardo Correa escreve sobre essa matéria disforme que paira à nossa volta, seja nas telas digitais, escondida em nossos corações ou nas máquinas pós-apocalípticas que permeiam nossa imaginação.
Com versos que começaram a ser escritos durante a pandemia, sua poesia questiona se haverá uma vacina, um poema que ousará dizer o que não podemos, que antecipará o destino e desenhará o não-dito.
Eduardo Correa se propõe a mostrar o invisível, seus poemas sendo uma janela para sentimentos e pensamentos ocultos. Seus versos nos deixam com os olhos marejados pela palavra humana, confundindo-nos com estrelas em um vasto universo de sensações.
É consenso entre escritores, jornalistas, críticos literários e poetas a seguinte afirmação: toda poesia, especialmente em um livro de estreia, convoca o inesperado. Em “Serendipidade”, a dúvida da metáfora cede lugar à certeza da imagem, revelando um encantamento no imprevisível. Este livro reflete o processo criativo de Eduardo Correa, onde o imprevisto não apenas é bem-vindo, mas é essencial.
Como seria o mundo se todos escrevessem poesia? Este questionamento ecoa em cada página, sugerindo que a poesia é uma ciência de descoberta de imagens felizes e ferozes.
Como bem observado no prólogo do livro pelo poeta Augusto Niemar, os poemas em “Serendipidade” como “Cartão postal”, “A valsa das tentativas”, “Atravessar”, “Aviação”, “Vida” e “Vocábulo” exemplificam como o acaso e o ocaso dialogam entre si. Essas obras encenam e agradecem os aplausos dos leitores que, certamente, ainda estão por vir.
Cada poema encontra sua própria revelação, uma iluminação necessária para que os versos se concretizem no papel. A intimidade presente em cada linha revela a maestria de Eduardo Correa em unir versos e imagens, espaço em branco por espaço em branco, sem jamais abdicar da serendipidade.
O poeta Augusto Niemar também faz uma importante consideração sobre os versos que eu concordei plenamente: há uma intimidade palpável em cada linha de “Serendipidade”.
Eduardo Correa serenpidia seus versos de uma forma que cativa e envolve o leitor. Poemas como “Antes agradeço”, “Clausura”, “Coito Interrompido”, “Com Tudo”, “Confinamento”, “Esponja ou filtro” e “Humanidade Intermitente” oferecem uma visão profunda do autor enquanto parte de uma editoria e de uma cronologia. Esses poemas mostram a habilidade técnica de Correa e sua sensibilidade poética impressionante.
O processo de montar e desmontar os originais para a edição definitiva do livro revela-se aos leitores como uma dança entre partes que compõem o todo.
Essa movimentação entre os seres que são as partes do livro adiciona uma camada de complexidade e profundidade emocional à obra.
Diferentes modos de ler e receber o livro fazem de “Serendipidade” uma experiência literária única, onde a poesia se transforma em uma inspiração repentina, uma revelação inesperada que surpreende e encanta.
O que torna “Serendipidade” um livro tão especial é a sensibilidade poética de Eduardo Correa. Particulamente fiquei impressionado com sua escrita que captura a essência do imprevisível e do acaso, além de transmitir uma notável profundidade emocional.
Eduardo Correa consegue, com suas palavras, criar uma conexão íntima e poderosa com quem lê, transformando cada poema em uma experiência única e pessoal.
No geral, “Serendipidade” é uma obra que celebra o inesperado, o imprevisto e a sincronicidade da vida. Eduardo Correa, com sua sensibilidade poética impressionante, entrega um livro que não só destaca seu talento como poeta, mas também sua capacidade de explorar e expressar a complexidade da existência humana.
Cada poema é uma viagem ao desconhecido, um convite a ver o mundo através de uma nova lente. Ao abrir este livro, o leitor se depara com um universo de descobertas, onde o acaso e o ocaso se encontram em uma dança eterna de significados e emoções. “Serendipidade” é, sem dúvida, uma estreia memorável que promete deixar uma marca indelével na poesia contemporânea.
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