Resenha: Teus Lábios Só Não Me Disseram Adeus | Fábio Martins

Alguns livros chegam até nós como confidências. Não aquelas gritadas ao vento, mas as que sussurram baixinho, com afeto, com dor, com humanidade. Teus Lábios Só Não Me Disseram Adeus, de Fábio Martins, é exatamente esse tipo de leitura: íntima, delicada e profundamente tocante.

A história acompanha Rafaela, uma mulher de 43 anos, bem-sucedida profissionalmente, que acaba de perder o pai. E é nesse momento de ruptura que sua vida começa a se reorganizar, não apenas pelas questões práticas que surgem com a morte, mas pelas emoções complexas que afloram, os silêncios que gritam e os vínculos familiares que precisam ser revistos.

Entre o luto e o recomeço

Rafaela se vê dividida entre o peso da perda e a vontade de se transformar. A morte do pai a obriga a revisitar memórias, repensar escolhas e encarar o próprio tempo com mais cuidado.

Sua mãe, silenciosa e intensa, guarda um presente deixado pelo marido, mas impõe um mistério: o presente não deve ser aberto até que “chegue o momento certo” um tempo que só ela reconhece.

Esse elemento traz uma delicadeza especial à trama. O presente simbólico se torna um elo entre o que foi vivido e o que ainda virá. É um convite à espera, à maturação do luto e, principalmente, à compreensão de que nem todas as respostas vêm de imediato. Algumas precisam de silêncio e amadurecimento para fazer sentido.

Transformações internas

Enquanto lida com a perda, Rafaela começa a questionar também a própria trajetória profissional. Embora bem-sucedida, sente-se deslocada, inquieta, como se algo dentro dela pedisse mudanças, e a perda do pai, ainda que dolorosa, funciona como um catalisador para a reinvenção.

Ao mesmo tempo, os laços com a mãe se reconfiguram. Duas mulheres marcadas por um mesmo homem, mas por experiências distintas, precisam reaprender a conviver, a ouvir e a respeitar seus próprios processos de dor. É nesse diálogo silencioso entre gerações que o livro se mostra ainda mais potente.

Leitura que emociona e transforma

A escrita de Fábio Martins é fluida, sensível e intimista. Ele conduz a história com cuidado, sem exageros ou artifícios dramáticos. A emoção vem do cotidiano, das pausas, dos gestos contidos, das conversas interrompidas.

Teus Lábios Só Não Me Disseram Adeus fala sobre o luto, sim, mas também fala sobre amor, reconciliação, saudade, escolhas e recomeços. Fala sobre a coragem de encarar a dor sem se esconder dela. E, acima de tudo, sobre a beleza de continuar acreditando na vida, mesmo quando ela nos exige tanto.

É impossível não se identificar com algum momento da trajetória de Rafaela. A forma como ela elabora o luto e se abre para novas possibilidades é um lembrete de que a perda não anula a esperança, apenas a transforma.

Um presente ao leitor

O título do livro já é, por si só, um poema. E a leitura confirma isso a cada página. Teus Lábios Só Não Me Disseram Adeus é, no fundo, uma grande carta de amor à memória, ao afeto e à possibilidade de cura.

Ao terminar a leitura, fica a sensação de que algo se reorganizou dentro de nós. E essa é, talvez, a maior força da literatura: nos oferecer espelhos, acalantos e, às vezes, respostas que a vida ainda não conseguiu dar.

Fábio Martins entrega um livro que abraça, que acolhe e que permanece. Para quem já perdeu, para quem já amou, para quem está se reinventando, essa história é um convite a seguir, com saudade, sim, mas também com fé na beleza dos novos caminhos.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Mestrando em Comunicação pelo PPGCOM da UFPE. Amante da cultura pop, apaixonado por livros e adora escrever sobre temas diversos. Além disso, é um entusiasta de música, filmes e séries, sempre buscando explorar e compartilhar suas impressões sobre o mundo do entretenimento.

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