Tom W. Kooper, pseudônimo adotado por um professor de matemática carioca que redescobriu seu amor pela escrita após um episódio devastador de amnésia, exemplifica como a adversidade pode se tornar a faísca para uma nova fase de vida. Sua jornada, que se inicia com a paixão precoce por histórias e culmina em uma carreira como autor de romances, mostra que a imaginação e o poder da narrativa podem sobreviver até mesmo às maiores dificuldades pessoais.

Nascido no Rio de Janeiro, em dezembro de 1968, Kooper cresceu imerso em um ambiente onde o amor pela leitura era constantemente incentivado. Desde cedo, ele se interessou por histórias, seja por meio de filmes, séries, quadrinhos ou livros. Na escola, teve contato com autores que marcaram sua infância, como Lúcia Machado de Almeida e Fernando Sabino, cujas narrativas o inspiraram a dar os primeiros passos na escrita.

“Foi nas aulas de Redação que percebi o prazer em criar e contar histórias”, relembra. Esse gosto levou-o a criar um “Banco de Ideias”, um bloco onde anotava tramas, personagens e cenários que surgiam espontaneamente em sua mente. Durante a adolescência, essas ideias se transformaram em suas primeiras histórias, marcando o início de sua trajetória como contador de histórias.

O desvio para a Matemática e a paixão pelo Romance Policial

Embora o talento literário fosse evidente desde jovem, foi sua facilidade com matemática que acabou determinando seu caminho acadêmico. Formou-se em Matemática na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e, mais tarde, fez pós-graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante esse período, Kooper não deixou de lado a literatura, e foi quando descobriu autores como Agatha Christie, Arthur Conan Doyle e Raymond Chandler, que o cativaram com suas tramas envolventes e mistérios intrigantes

A paixão pelo romance policial era tamanha que ele lia e relia as obras desses mestres do suspense, estudando cada reviravolta e construção de personagem. “O raciocínio lógico-dedutivo que aprendi na matemática sempre me ajudou na construção das minhas histórias”, observa Kooper.

No entanto, a carreira de professor de matemática tomou a maior parte de seu tempo, e a escrita foi colocada em segundo plano. Suas ideias, uma vez fervilhantes, foram guardadas em uma gaveta, junto com rascunhos de histórias não finalizadas.

A amnésia e a reviravolta inesperada

Tudo mudou drasticamente em setembro de 2019. Aos 50 anos, Tom W. Kooper foi acometido por uma amnésia total após um episódio de forte dor de cabeça. Ao acordar, ele havia perdido completamente suas memórias dos últimos 30 anos, incluindo sua formação em Matemática e toda sua vida profissional. “Toda a minha vida, minha história, meus conhecimentos e minha identidade desapareceram”, conta.

O diagnóstico dos médicos foi de estresse severo, mas a perda de memória desencadeou uma profunda depressão e ansiedade. Graças ao apoio de sua esposa e família, Kooper começou um longo processo de recuperação, afastando-se do trabalho para se concentrar em sua saúde mental.

Foi nesse período que ele redescobriu a escrita. A psicóloga sugeriu que ele escrevesse um diário como forma de terapia, mas inicialmente, a experiência não parecia surtir efeito. Porém, ao revisitar livros que marcaram sua juventude e relembrar séries e histórias que o influenciaram, Kooper encontrou nas páginas antigas de seu “Banco de Ideias” a faísca necessária para recomeçar.

O nascimento de “A Segunda Chance de Thomas Lutter”

Foi sua esposa quem sugeriu que ele escrevesse uma história para ela, o que resultou no início de seu primeiro romance, “A Segunda Chance de Thomas Lutter”. Inspirado pela obra “O Conde de Monte Cristo”, Kooper resgatou uma redação que havia escrito no ensino médio e começou a desenvolver a trama que o catapultaria para o mundo literário.

Lançado em 2021 pela plataforma de autopublicação Clube de Autores, o livro foi bem recebido por amigos, familiares e colegas de trabalho, o que incentivou o autor a continuar escrevendo. Em uma tarde de autógrafos realizada na escola onde sua esposa trabalhava, Kooper sentiu que havia encontrado novamente seu propósito.

“A Segunda Chance de Thomas Lutter” narra a jornada de Thomas, um homem que, após ser falsamente acusado e abandonado por seus amigos, retorna à sua cidade natal anos depois, marcado por mistérios e uma nova perspectiva sobre a vida. O livro mistura elementos de mistério, suspense e drama, características que já haviam sido apreciadas por Kooper nas obras de autores como Agatha Christie e Raymond Chandler.

“Identidade” e o reencontro com sua história pessoal

A experiência da perda de memória não poderia ficar de fora da sua obra. “Identidade”, seu segundo livro, lançado em 2024, explora justamente as consequências de um homem que perde suas lembranças após um acidente de carro. O protagonista, Alan Cerqueira, ao tentar desvendar seu próprio passado, descobre que nem todos ao seu redor são o que aparentam ser.

O processo criativo para “Identidade” foi intenso. Trabalhando por três meses na trama, Kooper conseguiu transformar a própria dor e confusão da amnésia em uma história envolvente e emocionalmente rica. “Minha experiência pessoal ajudou na composição do protagonista, dando profundidade à dor que ele sentia”, comenta o autor.

O futuro de Tom W. Kooper

Atualmente, Kooper divide seu tempo entre o ensino de matemática e a escrita. Ele já está trabalhando em dois novos projetos: “A Estrada Não Trilhada”, que explora arrependimentos e as consequências de voltar no tempo para mudar uma decisão, e “A Condessa”, uma história de amor obsessivo e visões de uma antepassada envolvida com bruxaria.

No geral, Tom W. Kooper se destaca como um autor dedicado e um sobrevivente da própria mente. Sua trajetória, marcada por desafios e recomeços, demonstra a resiliência e o poder curativo da escrita.

Gostou de conhecer a trajetória de Tom W. Kooper? Aproveite para seguir o autor no Instagram e fique por dentro de todas as novidades e últimos lançamentos.

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Mestrando em Comunicação pelo PPGCOM da UFPE. Amante da cultura pop, apaixonado por livros e adora escrever sobre temas diversos. Além disso, é um entusiasta de música, filmes e séries, sempre buscando explorar e compartilhar suas impressões sobre o mundo do entretenimento.

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